Essa semana, o assunto do momento é a CPI das Bets. Em qualquer rede social que você entrar, vai ter vídeo ou foto da V******* performando sua imagem de garotinha inocente. Logo mais, seremos servidos com Toddynh*, atirando pra todo lado.
Enquanto isso, continuamos servindo o que levou essas pessoas até aqui: engajamento. Like, share, próximo corte.
Indignação, crítica ou deboche, não importa. Tem sempre alguém lucrando com isso.
Nada de novo, de novo.
Por isso, essa edição é um GUIA DE SOBREVIVÊNCIA DIGITAL. Um manual rápido para evitar dar palco pra maluco. Siga as orientações à risca e ajude a construir uma internet menos gado e mais crítica, mesmo que um pouco mais silenciosa.
BORA PRA CIMA!
RECONHEÇA O TERRENO: a internet não é terra sem lei, muito menos sem dono. E, muitas das vezes, o terreno é infértil. Então busque saber a origem das informações e cuidado: o buraco pode ser muito mais fundo do que parece.
SIMPLESMENTE NÃO REAJA: de like em like, a galinha enche o papo. E essa galinha põe ovos de ouro. Às vezes, só de citar o nome de uma personalidade, ela já ganha um ponto com o algoritmo. Pense bem até antes de um retweet.
NÃO COMPARTILHE POR INDIGNAÇÃO: a raiva é um combustível inflamável e nem todo incêndio precisa da sua fagulha. Não seja mais um elo da corrente da desinformação.
NÃO COMENTE PARA ESCLARECER, CRITICAR OU DEBOCHAR: na internet raramente iniciamos uma discussão que seja, de fato, necessária ou atendida. Na maioria das vezes, conversamos com um espelho. Não alimente suas angústias a troco de nada.
NÃO TRANSFORME GENTE RASA EM RIO PROFUNDO: nem tudo é rio, muito menos flores. Saiba identificar performances roteirizadas e má atuações. Te garanto que você seria muito mais feliz assistindo a uma peça de teatro.
CUIDADO COM A ESTÉTICA DO INOCENTE: de consultor de imagem o mundo tá cheio. Camiseta branca - ou rosa, como vimos -, cabelo solto, aparência juvenil. Quando a galinha se mostra como pinto, pode saber que foi a mando do galo.
DESCONFIE DE QUEM APARECE DEMAIS: o excesso de presença pode esconder a ausência de propósito. Nem tudo que insiste estar em seu campo de visão merece espaço na sua memória.
NÃO SEJA UMA EXTENSÃO DO FEED, ESCOLHA SUAS BATALHAS: você não precisa reagir a tudo, muito menos carregar o mundo nas costas. Escolha o que te atravessa e, principalmente, o que ignora.
LEIA OS RÓTULOS (E AS LEGENDAS): as novas “letrinhas pequenas”. Nem tudo que reluz, é ouro. Às vezes é só marketing mesmo. E de marketeiro o mundo - e as redes - tão transbordando.
OBSERVE OS PADRÕES: quando o mesmo tipo de absurdo acontece com rostos diferentes, o problema pode não estar no rosto, e sim no molde. E se observar com a devida atenção, verá que esse molde já nasceu com defeito.
POR ÚLTIMO, MAS NÃO MENOS IMPORTANTE:
VOCÊ NÃO É O ALGORITMO: mas tem a capacidade de refiná-lo. Lembre-se que, no fim das contas, o palco é nosso. A gente escolhe quem entra, quem sai, e quando apagar as luzes e fechar as cortinas.
Às vezes, a coisa mais revolucionária que podemos fazer é, simplesmente…
deixar o maluco falando sozinho.